segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Sobre Cinquenta Tons de Cinza

Sei que aqui é um blog materno. Mas como quase todas as mães que conheço leram e se apaixonaram pelo livro, acho valido aqui também deixar uma opinião sobre a trilogia e o filme e abrir um espaço de discussão para vocês também.
Sou apaixonada pela historia. E isso já diz tudo!!! Não sou de modismos, não li os maiores livros da moda pop e nem vi os filmes da modinha. Não vi nem Titanic nos tempos áureos, não vi nem li nada de vampiros, nem A Culpa é das Estrelas e assim se estende para vários outros filmes e livros da moda. Mas Cinquenta Tons me fisgou de forma que nenhuma outra historia ate hoje fez. Talvez por ter feito psicologia me encantei pelas questões existenciais da historia, o trauma de infancia, a superacao, as dores canalizadas e tudo mais. E Li a trilogia no mínino 5 vezes, ja perdi a conta,  e esperava ansiosamente pelo lançamento do filme. Foram quase 3 anos acompanhando as últimas noticias, a escolha da equipe tecnica, dos atores, a mudança do ator principal, as especulações sobre a data de lançamento, etc.
Assisti o filme duas vezes nessa semana de estréia. Na primeira vez em que assisti fui com muita paixão e muita sede ao pote e me frustrei um pouco com a falta de cenas que gosto e de detalhes que acho importantes. No dia seguinte voltei Ao cinema e tentei ver tudo com outros olhos, tentei compreender que é um filme baseado em um livro e pronto. E deu certo!!! Sai do cinema encantada por ver tudo ganhar vida. Sai encantada com a fotografia, com a sofisticação das cenas de sexo, com a sensualidade do filme e principalmente com a atuação dos atores. Nada melhor do que o fã de um livro ver que um ator incorporou de forma completa um personagem. E assim foi com Jamie e Dakota. Ela arrasou, capitou a inocencia e ao mesmo tempo a forca da Ana de forma completa, em expressões, voz, atuação, expressão corporal, tudo!!! Destaque total para Dakota Johnson como Anastasia Steele, roubando a cena total e fazendo muita gente pagar a língua. Dakota foi doce e corajosa, como sua personagem Anastasia. Jamie, que nas entrevistas sempre parecia doce e brincalhão se transformou em um Christian perturbado, dominador e ao mesmo tempo encantado pela menina que desperta nele sentimentos tao diferentes do que esta acostumado. Podemos ver nitidamente na atuação de Jamie a fase em que Christian começa a perder o controle e se sentir angustiado. A atuação do Jamie foi tao real que me fez sentir angustia junto. A respiração, o olhar dele, incrível!!! No mais, coisa de fã, ver o quarto vermelho, o Charlie Tango, o planador ganharem vida junto com os personagens foi muito emocionante.
Tenho lido varias críticas sobre o filme, positivas e negativas. Mas o que tem me incomodado mesmo é a discussão feminismo e dinheiro... E é sobre isso que quero falar aqui.
Vamos lá.... Cinqüenta Tons de Cinza é uma historia de amor, uma historia de conflitos psicológicos que o amor pode trazer para duas pessoas diferentes: uma extremamente psicologicamente e fisicamente machucada que acha que não vai amar e que não pode ser digna do amor de alguém. E a outra é uma menina pacata que tambem nao acredita em si mesmo como uma mulher sensual e atraente e que se afunda na literatura. Em nenhum momento é uma historia erótica. Quem conhece bem a historia sabe que o sadomasoquismo é apenas uma válvula de espace de Grey e que nem de longe é a parte central e mais importante do enredo.
Cristhian e filho de uma prostituta viciada em crack. O cafetão da mãe o violentava de todas as formas possíveis, violência psicológica, humilhações e violências físicas. Ele tem varias cicatrizes no peito pois o cafetão costumava apagar cigarros no peito do menino.  Sua mae morreu quando ele tinha 4 anos e demoram uns dias para achar o seu corpo junto ao do menino que passava fome e frio ao lado da mae morta. Ele foi adotado logo depois. Christian cresceu com traumas de toques físicos, passou muito tempo da infância sem falar, não tolerava abraços e nem toques de outras pessoas. Cresceu um adolescente rebelde e brigão, ate que aos 15 anos foi apresentado ao BDSM por uma amiga de sua mae e encontrou ali uma forma de externar suas dores e traumas. A maior lembrança que Christian tinha da infância estava ligada a dor. E a dor física o seguiu desde então.
Ate que ele conhece a Anastasia, uma menina de 21 anos, inteligente, doce, forte, pacata e virgem. E ai vem toda a reviravolta e os conflitos.
Tenho lido muitas críticas de feminismo e violência doméstica em relação a historia. E nem de longe acho que isso faça sentido. Primeiro porque os praticantes de BDSM tem uma relação consensual. Que eu saiba, em violencia doméstica isso não acontece. Violência é violência e fetiche é fetiche. Entre 4 paredes dois adultos fazem o que quiserem de forma consensual. Segundo que nem de longe a historia é sadomasoquista. Desculpem, mas quem acha isso não tem noção do que é um BDSM e tem muitos livros retratando isso melhor por ai. Christian era dominante antes de conhecer a Ana. Ele sim conheceu no íntimo o que é uma relação sadomasoquista. Mas a relação dele com a Ana sempre foi "baunilha" com uma pitada de brincadeiras no quarto vermelho e nada alem disso. Alem do mais. Todas as vezes em que entraram em cena chicotes, algemas e tudo mais, a Ana estava beeeem satisfeita, viu!!! Rsrs.
Sugiro as feministas lerem o livro. A impressão que temos ao ler comentários vagos é de que Ana é a frágil e coitada da historia. Porem, o que acontece é o oposto. Ana é forte e corajosa. Ela soube dobrar o sr Grey, nunca assinou o contrato oficializando a relação dominante submissa e nunca foi uma submissa. Ana sempre impôs e negociou suas vontades. Ela era uma menina virgem e tudo que fez foi para testar seus limites, afinal como ela mesmo diz, não tinha parâmetros de comparação.
Grey é a personalidade frágil da historia. Escondido atrás de uma empresa, coleção de carros, helicóptero e tudo mais, esta um homem machucado, incrédulo sobre si mesmo, traumatizado. Ele é a personalidade frágil e não a Ana. Ana cresce no decorrer da historia, se transforma em uma mulher, é corajosa, forte. Grey muda durante na historia. Ele muda e não ela!! Ele abre mao de seus valores e nao ela!!! Ela cresce através do fato de se impor para ter de Grey um amor completo. Ele muda para poder dar a ela esse amor completo. Ana nunca assinou contrato de submissão (embora eu veja muitos comentários de desinformados falando que ela assina), ela assina apenas um contrato de confidencialidade, ou seja, de que não pode comentar com ninguém sobre as práticas dele. Contrato de submissão nao é assinado em momento algum, inclusive no filme é citado que ela nunca aceitou ser submissa e Grey repete varias vezes que quando a conheceu achou que ela tivesse o perfil submisso, mas que se enganou. Ana é forte, corajosa e sabe muito bem conseguir o que quer de forma doce. Criticas feministas nem de longe cabem nessa historia, compreendem agora?
Um frisson existe ai pelo fato da mulherada pirar no Grey. Homens que não querem olhar um palmo diante de uma mente fechada dizem que é pelo dinheiro e presentes. Sim, é muito mais fácil pensar isso do que tentar entender o porque suas mulheres se apaixonaram tanto por um personagem de ficção. E pq nos apaixonamos por ele? Pq é um homem intimidador, intenso, com charme, pegada, que trata uma mulher como uma rainha dando toda forma de cuidado, atenção e dedicação no dia a dia e que entre quatro paredes domina tudo que se pode imaginar. E outra minha gente, o cara muda por amor e isso para mulheres é tudo e um pouco mais. Simples assim!!! Com dinheiro ou sem dinheiro, um homem desse tipo seduziria 99% das mulheres do mundo... Mas, sem hipocrisia, qual mulher não gostaria de passear de helicoptero ou de planar no ceu no nascer do sol? Sem hipocrisia, minha gente, sem hipocrisia!!!
Outro fato importante de mencionar é o fato da Ana o tempo todo ver em Grey um menino machucado, o tal instinto materno feminino.Ela sente piedade por ele em muitos pontos da história.
Enfim, Cinquenta Tons é uma historia de amor, mudança, dedicação e fé no outro. São duas pessoas totalmente diferentes vencendo barreiras pra viver um amor intenso. Nem de longe é uma historia de violência e submissao. E faz tanto sucesso por ser uma historia gostosa de ler e por ter personagens carismáticos. Ana é carismática, ela rouba a cena no livro e no filme. O livro é em primeira pessoa, viajamos na mente de Ana e seus pensamentos e sentimentos. E ela é engracada, doce e ama esse homem profundamente. Depois de Cinquenta Tons não consegui mais ler livros em terceira pessoa. E no filme, o carisma da Dakota e a forma incrível como interpretou a Anastasia roubaram a cena mais uma vez.
O filme é um resumo do livro. Muitas partes importantes ficaram sim de fora. Então sugiro, quem quer realmente conhecer a historia e o intimo dos personagens leua os três livros!!! E depois utilizem o filme como uma forma de ver a imaginação ganhando vida. Pois é realmente impossível julgar a história, conhecer os personagens ou tirar alguma conclusão apenas assistindo o filme. Alias, nem lendo o livro. O primeiro livro é apenas uma introdução, a historia começa a se desenrolar em Cinquenta Tons Mais Escuros e finaliza em Cinquenta Tons de Liberdade. Para quem apenas viu o filme, eu digo, tem muitaaaa coisa além disso.
Comecei a ler Cinquenta Tons enquanto ainda não era moda, por isso não peguei todo esse pre conceito ou falsas conclusões sobre a historia. Li de cabeça aberta e me apaixonei, pouco me importando se parece com Sabrina ou alguma coisa do tipo, até pq nunca li Sabrina e não devo satisfações a ninguém sobre o que gosto ou o que leio!!! E "pseudo intelectualidade" nunca fez meu tipo. Leio infinitas coisas, inclusive Cinquenta Tons. Obvio que todos tem o direito de não gostar, da mesma forma que eu não gosto de muitas coisas que muitas pessoas gostam. Mas tenho lido vários pseudo intelectuais fazendo uma crítica irreal e que não tem absolutamente nada a ver com a historia e por isso resolvi falar.
O filme pecou em algumas coisas? Sim...Não sei se por causa do pouco tempo, mas muita coisa ficou de fora e algumas coisas foram alteradas. Na cena do café da manhã, por exemplo, quem não gostaria de ver a Ana de chiquinhas e o Grey dizendo que aquilo não iria protege-la? Sabe-se lá porque ela estava de coque no filme...O fato dele ter mudado a passagem dela pra primeira classe, o fato dele repetir toda hora que ela era uma "mulher impossivel" e que gostava da "boca esperta" dela também fizeram falta no filme, pois sempre foram um sinal inicial de rendição da parte dele. Enfim, o filme não é o livro, isso é um fato. O livro é infinitamente melhor. Mas a fotografia do filme, a atuação dos atores dando vida aos personagens de forma tão real e o fato de ver tudo ganhando vida já valeu a pena para os infinitos leitores do mundo todo, disso eu tenho certeza!!!

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